terça-feira, 10 de março de 2009

Espaço para MEMÓRIAS

Carlos Drummond de Andrade

(...) Pois de tudo fica um pouco.

Fica um pouco de teu queixo

no queixo de tua filha.

De teu áspero silêncio

um pouco ficou, um pouco

nos muros zangados,

nas folhas, mudas, que sobem.
Ficou um pouco de tudo

no pires de porcelana,

dragão partido, flor branca,

ficou um pouco

de ruga na vossa testa,

retrato.
(...) E de tudo fica um pouco.

Oh abre os vidros de loção

e abafa

o insuportável mau cheiro da memória.

(Resíduo)
Carlos Drummond de Andrade

http://www.releituras.com/drummond_bio.asp

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